O Assentamento de Nova Esperança em Cansanção não é mais o mesmo
desde que a mineradora Yamana Gold começou suas atividades, há dois anos no
município de Santaluz, nas margens do rio Itapicuru que faz divisa como o
município de Cansanção. Inicialmente os assentados tiveram dificuldades no
acesso a sua própria comunidade, uma vez que, a empresa mudou o trajeto à
comunidade sem consultar as famílias e agora, o mais grave dos problemas são os
efeitos das explosões tanto abalando a estrutura das casas como interferindo na
saúde das pessoas.
Para discutir os problemas causados pela atividade da mineradora
na comunidade foi articulada uma reunião que aconteceu no dia 22 de agosto de
2013 na própria comunidade, com os moradores da comunidade e as entidades,
FATRES, FETRAF-BA, CODES SISAL, CONSISAL E UNICAFES-BA, Câmara de Vereadores e
Secretaria de Agricultura de Cansanção, nessa reunião os moradores relataram as
dificuldades que estão passando depois que a mineradora Yamana Gold começou
suas atividades. As explosões veem causando danos desde casas danificadas à uma
grande nuvem de poeira atingindo os reservatórios de água e a saúde dos
moradores.
A FATRES que tem atuação no assentamento desde 1997 vem
acompanhando e contribuindo com os agricultores para resolver esse problema,
João Nilton, coordenador geral da FATRES fala sobre a importância dessa
reunião, “Essa reunião foi uma das melhores que já teve na comunidade para
tratar desses problemas que a mineradora Yamana Good vem trazendo, conseguimos
avançar na discursão e articular entidades que tem atuação em todo Território
do Sisal e na Bahia, a FATRES tem essa preocupação com o agricultor familiar e
não vamos fechar os olhos para esse problema que o assentamento Nova Esperança
vem enfrentando” fala João Nilton e relata o que viu na comunidade quando
estava saindo “vimos um pouco o que comunidade esta passando, vimos uma forte
explosão que sentimos e vimos uma nuvem de poeira cobrir a agrovila do
assentamento e todas as famílias terem que correr por que não tem como um ser
humano suportar aquela poeira e o mau cheiro que vem junto com a poeira”,
comenta João Nilton.
O diretor da UNICAFES-BA Urbano Carvalho ficou preocupado com a
situação das famílias do assentamento, “os assentados estão vivendo sobre
pressão com os problemas que a mineradora esta trazendo para o assentamento de
Nova Esperança, tendo que esvaziar a agrovila para não serem tomadas pela
poeira que as explosões estão causando, as entidades que defendem agricultura
familiar tem que levar aos órgãos competentes essa situação para ver que
solução tomar para resolver esse problema”.
Urbano ainda fala sobre a geração de emprego e renda que a
empresa diz trazer para a região “geração de emprego e renda no Estado da Bahia
não esta na mineração e sim no campo, principalmente na agricultura familiar, e
se o governo investisse em irrigação aqui na faixa do rio Itapicuru
geraria muito mais emprego e renda do que esta gerando a mineradora, o povo do
assentamento tem é 17 anos, e não 17 dias, é uma vida que esse povo tem aqui na
comunidade, conversando com uma professora que trabalha aqui na comunidade ela
relatava que durante a semana é o tempo todo
rouca, somente os fins de semana, que passa em casa na sede, é que melhora um
pouco, e toda a comunidade esta sentindo esses problemas de
saúde, principalmente respiratórios” afirma Urbano Carvalho.
Nesse encontro pode-se notar que não se trata de um problema
específico de um assentamento, trata-se de um desafio territorial, uma vez que,
outras comunidades vêm relatando seus problemas e dificuldades em conviver com
os efeitos colaterais gerados pela mineradora. Cecília Petrina de Carvalho que
é Presidente do CODES SISAL, também participou dessa reunião e comenta “nós do
CODES SISAL já tínhamos a informações sobre o problema que o
Assentamento de Nova Esperança, mas não estamos tendo conhecimento dos
detalhes, de como esta o processo que vinha acontecendo para resolver o
problema, o CODES SISAL não pode ficar de fora dessa discursão, sobretudo se
tratando de assentado de reforma agrária, um assentamento que já tem uma
estrutura boa, e se agente não toma conhecimento disso, de algo que abala o
sustentáculo da reforma agrária, não podemos deixar que uma empresa
chegue de paraquedas massacre todo mundo, cubra todo mundo de poeira e
comprometa a saúde de todos” comenta Cecília.
Como encaminhamento da reunião, formou-se uma comissão com
representantes da comunidade e das entidades presentes no intuito de elaborar
um documento e encaminhar aos órgãos competentes objetivando a resolução desses
problemas.